quarta-feira, 25 de maio de 2011

EM BUSCA DE NOVOS COLABORADORES

Caros leitores,

Em junho/2011 faremos nove meses de gestação ou melhor: edição, sempre buscando novidades ou reforçando as existentes. Neste tempo publicamos 40 artigos com enfoques diversificados em uma linguagem objetiva, simplificando as pesquisas acadêmicas. Este blog foi visitado por mais de 10 países, com destaque para o Brasil, USA e Alemanha. Ficamos satisfeitos em levar até vocês um pouco da VISÃO DO FUTURO.

No entanto, nesta nova fase precisamos da sua colaboração. Para isto estamos abrindo espaço para novos colaboradores que desejem postar matérias sobre: Psicologia, Teologia, Tecnologia da Informação, Neurologia e Filosofia da Mente.

As postagens devem estar relacionadas com COGNIÇÃO e MENTE que é o foco principal do blog.

Maiores informações envie email para: cogmentes@gmail.com

Contamos com sua participação e divulgação das matérias realizadas por vocês.

Abraços

Equipe COGMENTE

domingo, 15 de maio de 2011

Redes neurais ganham inteligência para analisar dados de satélites

Pesquisadores descobriram uma forma de colocar a inteligência artificial a serviço da análise dos gigantescos volumes de dados gerados pelo sensoriamento remoto via satélite usando novos algoritmos de rede neural. [Imagem: Soledad Delgado Sanz]
Pesquisadores da Universidade Politécnica de Madrid, na Espanha, descobriram uma forma de colocar a inteligência artificial a serviço da análise dos gigantescos volumes de dados gerados pelo sensoriamento remoto via satélite.
A pesquisa desenvolveu novos algoritmos de visualização e de treinamento de redes neurais auto-organizáveis para aplicação em sensoriamento remoto, gerando modelos simplificados de grandes volumes de informação multi-espectral.

Pesquisadores descobriram uma forma de colocar a inteligência artificial a serviço da análise dos gigantescos volumes de dados gerados pelo sensoriamento remoto via satélite usando novos algoritmos de rede neural. [Imagem: Soledad Delgado Sanz]
Redes neurais

Redes neurais são modelos matemáticos inspirados no funcionamento das redes neurais biológicas, presentes no cérebro e representam uma das principais vertentes da inteligência artificial.
Elas são aplicadas em uma grande variedade de disciplinas, para resolver um espectro ainda mais variado de problemas.
Um dos modelos de rede neural mais largamente utilizado atualmente é conhecido como mapa de auto-organização.

Sensoriamento remoto

O sensoriamento remoto cuida da aquisição de informações sobre a superfície da Terra utilizando técnicas que não envolvem o contato físico com o objeto sob observação - essencialmente por meio de satélites artificiais.
O desenvolvimento de ferramentas para analisar e processar imagens multi-espectrais - em vários comprimentos de onda - captadas por câmeras e sensores a bordo de satélites abriu o caminho para a automatização de tarefas que seriam impraticáveis de serem feitas por analistas humanos.

Modelos de redes neurais

A rede neural auto-organizável conhecida como modelo de Kohonen tem-se mostrado como uma ferramenta útil e valiosa para a análise exploratória de dados.
Mas o modelo de Kohonen não é perfeito, tendo algumas restrições, relacionadas principalmente com a arquitetura.
Isto levou ao surgimento de novos tipos de mapas de auto-organização, como o modelo das Estruturas Celulares Crescentes (GCS: Growing Cell Structures), proposto por Bernd Fritzke.
Mas o modelo GCS, mesmo em suas versões incrementadas, também não é isento de problemas, com parâmetros difíceis de configurar e sem faixas de valores bem definidas.

Modelos simplificados

A proposta da pesquisadora Soledad Delgado Sanz consiste em um novo algoritmo de treinamento do modelo GCS que melhora a delimitação dos valores de entrada, eventualmente resolvendo o maior problema do modelo.
A modificação do algoritmo GCS torna este modelo de rede neural mais fácil de usar para gerar modelos simplificados de grandes volumes de informações multi-espectrais normalmente associados com o campo do sensoriamento remoto.
A nova metodologia foi testada em várias áreas importantes do sensoriamento remoto, incluindo a classificação de coberturas de solos, estimativas de variáveis físicas de áreas cobertas por água e análise do índice de validade espectral de imagens com características especiais.

DNA e imagens médicas

As aplicações da nova metodologia vão além do sensoriamento remoto, cobrindo virtualmente qualquer área de pesquisa que precise gerir informações multidimensionais.
É o caso da análise genômica e do processamento de imagens médicas, que também estão sendo utilizadas para validar o modelo GCS otimizado.

crédito: Redação do Site Inovação Tecnológica - 10/05/2010

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Você está preparado para conviver com os humanos aprimorados? - parte 2

CONTINUAÇÃO DA ENTREVISTA POSTADA EM 30.04.11


Ineke Malsch: Então você quer pessoas que não estejam envolvidas na criação do Aprimoramento Humano para pensar sobre ele?

Daniela Cerqui: Se você falar com alguém como Kevin Warwick, ele lhe dirá: "Sim, nós nos aprimoraremos, nós seremos uma outra espécie e isso significará um futuro brilhante para todos."

[Imagem: Zipfer]

Ele pode estar certo, mas também pode estar errado. Nós precisamos de alguém para dizer: esse cenário é plausível, mas há também outros cenários mais catastróficos que também são plausíveis. Se nós queremos tomar a direção correta, nós teremos que tomar a decisão correta agora.
Como é muito fácil quando você tem transumanistas dizendo que o futuro será brilhante, nós estamos muito felizes em ficar acomodados. É mais fácil para os transumanistas do que para as pessoas que têm uma visão mais crítica, como eu.
Para resumir: o debate atual está focado demais nos humanos. Nós devíamos pensar também nos pós-humanos que podem aparecer.

Ineke Malsch: Há um limite na aplicação dessas tecnologias que, para você, não deveria ser cruzado? Qual seria esse limite e com quais argumentos você gostaria de convencer Kevin Warwick ou outros que querem avançar nessa direção de que você está certa?

Daniela Cerqui: Eu acredito que é muito pessoal. Eu acho que não há um limite formal. Novamente, se nós falarmos ao nível social, há claramente um limite além do qual nós teremos pessoas que serão aprimoradas e pessoas que não serão. As diferenças sociais atuais serão ainda maiores.
É muito difícil dizer exatamente onde está a fronteira. É menos uma questão de limites claros e formais do que uma questão de graus. Parece-me que nós já estamos em uma sociedade... você vê no sistema de saúde. Nós temos os que têm e os que não têm acesso à saúde. Pelo menos em termos de países europeus, nós tínhamos sistemas nacionais de saúde muito bons. Repentinamente eles estão se tornando uma catástrofe. Tudo está ficando mais caro, tenha você dinheiro ou não.
É óbvio que, com os humanos aprimorados, as coisas irão piorar. Nós podemos até mesmo dizer que o limite já foi ultrapassado se levarmos em consideração o nível social. É uma questão de grau e nós estamos simplesmente avançando em uma situação na qual nós já estamos envolvidos.
Nós também podemos considerar o nível humano. Deixe-me voltar ao transumanismo. Se você é um transumanista você está muito feliz com a ideia de um limite e quer que ele seja ultrapassado o quanto antes. Pode haver um limite, mas eu não estou certa. Como eu disse, os seres humanos são flexíveis.
Minha questão é outra: Até que ponto somos flexíveis? Seremos tão flexíveis a ponto de melhorarmos a nós mesmos e continuarmos humanos? Eu não estou certa. Meu medo é que um dia nos demos conta de que cruzamos a fronteira e que já é tarde demais. Eu sou incapaz de dizer se há um limite e onde ele está. É necessário estar atento ao fato de que pode haver um limite e que nós não sabemos exatamente onde ele está.

Ineke Malsch: Você acha que há aprimoramentos que deveriam ser permitidos ou que seriam desejáveis? Quais seriam? Com quais argumentos você tentaria convencer pessoas que se oponham a qualquer aprimoramento?

Daniela Cerqui: Se considerarmos o nível individual, nós estamos em uma sociedade na qual todos os aprimoramentos são desejáveis. Há dois ou três séculos, nós podemos ver muito bem que queremos melhorar a nós mesmos. Agora nós temos a capacidade tecnológica que nos permite fazê-lo, mas eu acho que a ideia é muito mais antiga. Eu não sei se poderia dizer que isto é natural aos humanos. Voltando a André Leroi-Gourhan, nós poderíamos até mesmo dizer que os seres humanos sempre usaram a tecnologia para melhorar eles próprios. Nós podemos dizer que todos os aprimoramentos são desejáveis de um ponto de vista individual.
Voltando ao nível social, a coisa é muito diferente. Se você pensar sobre uma pessoa sendo aprimorada, pode ser muito legal se você for essa pessoa. Mas você tem de se preocupar o que significa para a sociedade se todos forem aprimorados. Isso significa que você precisará de mais emprego e mais aposentadorias. Nós não estamos trabalhando para construir uma sociedade na qual os humanos aprimorados possam viver. Esses são meus argumentos.

Ineke Malsch: Você acredita que há necessidade de alguma regulamentação em particular, ou medidas voluntárias, para dirigir o desenvolvimento responsável das nanotecnologias e das tecnologias relacionadas? Em que nível essas medidas deveriam ser tomadas, nacional, global?

Daniela Cerqui: Eu não tenho uma resposta clara porque eu não sei onde está o limite. Até que saibamos, é muito difícil regulamentar.
O primeiro passo é trabalhar no nível nacional, mas também devemos trabalhar no nível europeu e global. Se não trabalharmos em todos os níveis, as pessoas continuarão não tendo consciência do problema.
Eu comecei a trabalhar com o aprimoramento humano há 15 anos. Eu me lembro muito bem quando eu estava em Bruxelas com a Comissão Europeia e afirmei isso; eles me olharam muito estranhamente e perguntaram? "Então você está trabalhando com ficção científica?"

[Imagem: Karl Palutke]

Eu disse: "Não, eu não estou trabalhando com ficção científica. Eu estou trabalhando com o que está acontecendo agora nos laboratórios. Talvez nós não estejamos falando muito a esse respeito, mas há um movimento, isto está sendo feito agora." As pessoas não acreditaram.
Agora nós estamos começando a falar sobre isso. A chamada suíça é um exemplo. Repentinamente, parece que finalmente o assunto está sendo levado a sério. Mas eu temo que estejamos começando um pouco tarde.
É o mesmo debate sobre o meio ambiente. Agora as pessoas estão preocupadas com o meio ambiente, mas os cientistas estão alertando sobre os problemas ambientais há 50 anos. Ninguém ouvia. Agora os cidadãos estão se dando conta de que as coisas estão ficando caras para eles, então começamos a pensar nisso como sendo um problema.
Em geral, é um problema com grandes riscos para a humanidade. Nós não nos envolvemos em um movimento enquanto não nos dermos conta de que há um problema lá. Talvez seja muito tarde quando houver um problema. Talvez isto esteja começando a acontecer com o aprimoramento humano. Nós devemos agir em todos os níveis, porque ter consciência do que está acontecendo é a melhor forma de prevenir os efeitos indesejáveis.

Ineke Malsch: Como você vê o seu próprio papel nos desenvolvimentos e nas discussões?

Daniela Cerqui: Isto tem a ver com o que eu disse. Eu acredito que é minha tarefa ajudar as pessoas a se tornarem conscientes do que está acontecendo. Se você pensar sobre o homem ou a mulher na rua, aquele que lê os jornais, eles não têm uma ideia clara do que está acontecendo.
Se você for ao médico e ouvir: "Agora é possível fazer isto, você quer fazer?" todos verão unicamente seu caso individual. É meu papel parar e colocar todos os casos juntos, e avaliar que tipo de sociedade e que tipo de humanidade nós estamos construindo.
Ineke Malsch: Então é uma pesquisa antropológica e uma participação no debate público?

Daniela Cerqui: Sim, eu acredito que não há o bastante das duas coisas. Algumas vezes eu sou convidada para fazer apresentações em escolas de tecnologia. Eu acredito que o debate público não se desenvolveu o suficiente e que os antropólogos e filósofos deveriam se envolver muito mais. Já está melhor do que há 10 anos.

Ineke Malsch: Qual você acredita que seja o grande gargalo nessa falta de envolvimento? Não há financiamento suficiente para pesquisas antropológicas e filosóficas sobre essas questões?

Daniela Cerqui: Não, não é uma questão de financiamento. É uma questão de cultura. As pessoas que estão envolvidas com a tecnologia normalmente não veem claramente o que é a antropologia. Mesmo que vejam, não percebem o que ela pode trazer para a reflexão.
Há uma ideia de que a tecnologia seja, como a ciência, algo neutro. Se você está convencido de que a tecnologia é neutra, você não enxerga o que um antropólogo pode acrescentar à discussão. Se você sabe que um antropólogo estuda valores culturais, e acredita que a tecnologia é neutra, você não entende os valores culturais por trás dela.
Se nós quisermos que os antropólogos sejam convidados para as discussões, nós primeiro temos que fazer as pessoas entenderem o que a antropologia pode acrescentar. É uma espécie de problema sem fim.
Não é uma questão de financiamento, mas de entendimento do que a reflexão pode trazer. Eu acredito que isto seja normal, porque se você estudar qualquer tecnologia, você ouvirá que a tecnologia é neutra. Você ouvirá que o que está sendo feito é bom se for usado para objetivos bons; e poderá ser ruim, mas somente se for-lhe dado um uso ruim. Quando isto lhe foi dito durante todos os seus anos de escola e, de repente, alguém começa a lhe dizer que há valores culturais envolvidos, não é fácil assimilar.

Ineke Malsch: Então diz respeito mais à educação dos cientistas naturais?

Daniela Cerqui: Exatamente. Eu acredito que uma solução seria introduzir mais cursos de antropologia no currículo das pessoas que estudam tecnologia. Deveríamos começar nas universidades.


crédito:Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/08/2009