sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Revolução das emoções - parte I

“Não gostar de emoções negativas é tão útil quanto não gostar de inverno.
O inverno virá você querendo ou não, assim como as emoções. Melhor do que gostar ou não gostar é saber lidar com elas”.
Percebemos que nos dias atuais as qualidades emocionais estão sendo cada vez mais exigidas. Mais exigido que o QI, agora o QE (coeficiente emocional) que esta sendo o pré-requisito cada vez mais solicitado em diversas empresas. Os maiores especialistas do mundo em análise comportamental alertam que o mais importante nos nossos dias não é o quanto se sabe, mas sim como se relacionar melhor consigo mesmo e conseqüentemente com as pessoas que conosco convivem. Para melhorarmos o nosso QE é necessário expandirmos nossa inteligência emocional. É comum a pessoa buscar somente um desenvolvimento técnico. O que diferencia os homens dos animais é o raciocínio, portanto vivemos procurando desenvolvê-lo, mas a formação racional e técnica não mais determinam o sucesso.
Passamos por uma grande fase de desenvolvimento industrial, tecnológico, mais recentemente assistimos a grande evolução da informática. Mas ultimamente o desenvolvimento técnico tem sido cada vez mais similar entre as pessoas, o que torna o mercado de trabalho mais competitivo. Qualquer criança já sabe usar um micro. A maior parte das pessoas tem a consciência de que estudo é imprescindível e essa maioria de pessoas se esforça e consegue, mesmo que com muito esforço terminar uma faculdade. O mercado de trabalho encontra-se cada vez mais concorrido e a qualidade dos candidatos cada vez mais similar. Por tal motivo, a comunidade científica mantém seus olhos cada vez mais fixos no estudo das emoções. Não somente os cientistas, mas as pessoas que contratam também. O maior diferencial que um candidato pode apresentar não é mais um curso no exterior, ou um aperfeiçoamento em sua área profissional. Esse tipo de diferencial podemos encontrar de baciada hoje em dia. O maior diferencial a ser apresentado hoje são qualidades emocionais. Psicólogos de empresas de RH afirmam ser esse o critério mais utilizado no momento da seleção. Dizem que o que tem interessado mais, ultimamente, é a maneira como a pessoa lida com as demais pessoas do que um currículo exemplar. O que alegam é que pessoas com milhares de cursos é muito fácil encontrar. Quando elegem um candidato que apresenta algum problema técnico na função que ira executar, apenas pouco tempo de treino pode sanar o problema. Já problemas de fundo emocional, como autoritarismo, descontrole, são muito mais difíceis de se trabalhar em um funcionário. Isso em todas as áreas. Não adianta formar um jogador de futebol tecnicamente perfeito, para depois ele chutar a câmera que o mostra para o mundo. Antigamente para uma vaga de emprego eram avaliados somente currículos. Hoje são realizadas dinâmicas em grupo para avaliar os candidatos em amplos aspectos. Não basta mais somente avaliar o lado técnico.
Podemos perceber então que mais do que nunca é necessário possuir o controle das emoções para que em determinado momento ela não venha nos atrapalhar. Ou você entende suas emoções ou você se torna vítima delas. Algumas pessoas acreditam que possuir o domínio das emoções é deixar de sentir aquelas que parecem ser prejudiciais, deixar de sentir emoções como raiva, medo, qualquer emoção que traga sentimentos desagradáveis e possíveis descontroles. Ter o domínio das emoções é bem diferente disso. É algo muito maior do que gostar ou não gostar, ou até mesmo maior que buscar meios para impedir a existência de tais emoções. O melhor caminho para obter o controle de suas emoções é compreendê-las de maneira mais completa, como um mecanismo fisiológico. Cada emoção possui uma função fisiológica positiva, se conseguirmos compreender que mesmo as emoções que são aparentemente negativas, possuem uma função fisiológica positiva é possível tirarmos um resultado positivo de todas as emoções.
Com a correria dos tempos modernos, nosso tempo se torna cada vez mais escasso e nossa atenção cada vez mais voltada para o meio externo. Temos que nos preocupar realmente com muitas coisas. Com o trabalho, com a faculdade, com os filhos, com as compras de casa, com o almoço, jantar. São muitos itens que prendem nossa atenção ultimamente. Com a atenção dirigida para fora, sobram menos conduções para dirigir nossa atenção às emoções. Não darmos a devida atenção à elas não significa que elas não estão acontecendo, muito pior, elas vão ficando embutidas dentro de nós mas em determinado momento ela vai aflorar, e isso pode ocorrer de maneira mais intensa do que o necessário. Daí vem o surgimento de algumas formas modernas e realmente mais intensas de ansiedade. Cada uma de nossas emoções merece a atenção necessária. Acontece com inúmeras pessoas ir empurrando-as com a barriga. Não dar atenção às suas emoções ou tentar levar com a barriga como se nada tivesse acontecendo é como segurar um vazamento de água em um cano com as mãos. Vai ter uma hora que vai estourar. É necessário seguirmos por outro caminho. Essa energia gerada pelas emoções pode ser utilizada em nosso favor. Se aprendermos dirigir a energia gerada por essas emoções na conquista de objetivos ou na busca de uma vida mais saudável, teremos bons resultados e ainda teremos saído sábios no uso adequado de nossas emoções. Não existe emoção positiva e emoção negativa, todas as emoções possuem uma função biológica. Você vai vivenciar as emoções por toda a sua vida de uma forma ou de outra.
São quatro emoções básicas que regem a nossa vida: raiva, tristeza, medo e alegria. Estas emoções são responsáveis por todas as demais emoções que sentimos. Como falamos cada uma com uma função fisiológica positiva. Para obter o controle de nossas emoções é necessário compreender cada uma delas. Assim poderemos abrir nossa mente na busca de novos caminhos onde poderemos expressar todo nosso potencial.

crédito: Dr. Neil Hamilton Negrelli Jr - do livro Defina seu Rumo

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A Filosofia da Mente e os Direitos dos Animais

A questão do direito dos animais infere-se no contexto amplo da Filosofia da Mente, no qual se discute a cognição animal. Nossos critérios para atribuição de direitos aos animais são predominantemente cognitivos, isto é, baseia-se no fato de eles possuírem ou não uma mente e uma consciência. Na nossa tradição, passa-se a ter direitos quando nos tornamos pessoas e para isso é necessário ter consciência. Damos tanta importância ao fato de termos uma consciência que até  nosso critério de vida e de morte baseia-se na idéia de morte cerebral. Estamos mortos quando o cérebro não funciona mais, quando na há  mais nenhum sinal neural que poderia ser indício de uma consciência.
Pessoas são consciências. E só pessoa pode ter direito. É por isso, que desta perspectiva, problemas como o aborto tornam-se questões legais, morais e até bioéticas. Serão os fetos pessoas? Será que podemos considerá-los como portadores de direitos por serem potencialmente conscientes? Ou será que, da mesma maneira como definimos morte por critérios cerebrais, poderíamos abortá-los pelo fato de neles não haver nada que denote a existência de uma consciência?. A questão é saber se esse critério é baseado na consciência – que demarca vida e morte, pessoas e fetos, e que demarcaria também pessoas e animais – é correto e seguro. Penso que o uso seguro desse critério implica em estarmos de posse se uma solução para o problema filosófico das outras mentes. Esse tem sido um dos problemas mais difíceis da Filosofia da Mente: como posso saber se alguém, além de mim, tem uma mente semelhante à minha? Como posso saber se um robô, que se comporta igual a mim, tem uma mente? Precisamos saber se é possível atribuir mente e consciência a outros, ou seja, saber se elas têm para poder considerá-las pessoas; e, num passo seguinte, atribuir-lhes direitos. No caso dos direitos dos animais, ocorre o inverso: precisamos demonstrar que eles não têm uma mente e uma consciência se quisermos negá-los.
O curioso é que o problema das ouras mentes não está resolvido, mas, certamente, não podemos depender de sua solução para atribuirmos consciência a outros seres. Resolver primeiro o problemas das outras mentes para atribuirmos consciência com segurança e daí derivar direitos parece ser um percurso impossível. Nesse caso, o critério da consciência torna-se inverificável. Nunca terei certeza se alguém além de mim tem consciência. Na verdade, nunca pensamos em utilizar o critério da consciência para atribuir direitos a outros seres humanos. E, por isso, não deveríamos aplicá-lo tampouco aos animais. Nossa percepção dos direitos do outro não nos e dada de forma cognitiva. É por isso que não conseguimos desligar os tubos de uma pessoal em coma  nos hospital, embora saibamos que ela não tem nenhuma chance de sobreviver. Nossa dúvida moral persiste, apesar do fato de sabermos que ali já não há mais consciência. Essa persistência se deve ao fato de que nossa interação originária com o outro é predominantemente moral e não cognitiva. É por isso que só o conhecimento da inexistência de uma consciência da pessoa em coma não nos deixa confortáveis para negar-lhe o direito a vida, mesmo ela estando em estado vegetativo.
No caso dos animais essa interação se dá através da nossa comunicação emocional com eles, algo básico que não parece em nada se assemelhar a uma atribuição de consciência. Os critérios moral e emocional precedem o critério cognitivo de atribuição de consciência. E esses critérios deveriam também prevalecer na discussão dos direitos animais. Critérios cognitivos, como a da consciência, que historicamente aparecem na Religião, na Filosofia e na Bioética tampouco deveriam ser utilizados nessa discussão. Não  é fazendo uma defesa da existência de uma consciência animal semelhante a nossa que resgataremos os direitos dessas criaturas. Pouco importa se eles são estúpidos ou não. Provavelmente, eles têm uma consciência muito diferente da nossa. Tomar a consciência humana como padrão universal de mente tem resultado num processo de antropomorfização de animais, que cada vez mais vemos ocorrer nas nossas sociedades, nas quais cães já têm até capas de chuva.
As bases teóricas da exclusão dos animais do mundo humano na época moderna remontam a Descartes, para quem havia uma descontinuidade intransponível entre o mundo humano e o mundo animal. Para ele, os animais eram máquinas biológicas, seres mecânicos sem consciência.  O imaginário cartesiano perdura inconscientemente, ou ideologicamente, até hoje. Esse senso comum cartesiano continua a legitimar que comamos carne, que se realizem experimentos com animais e até mesmo tratá-los impiedosamente sem expectativa de punição e nem sequer arrependimento.
Mas terá sido Descartes mais uma vez o grande vilão? Se vasculharmos seus textos verificaremos que não há uma linha sequer, na sua obra, que atente contra o direito dos animais. Seu adversário, Montaigne, não se preocupou com o funcionamento dos animais, mas justificou sua crítica ao especiocentrismo, limitando-se ao discurso retórico.
Na Idade Média, animais domésticos eram julgados por seus crimes. Um cão que mordesse seu dono poderia ser levado ao tribunal e ser condenado a forca. Isso era um claro sinal de que naquela época se atribuía consciência aos animais e de que eles deveriam ter responsabilidades e direitos.
Isso seria, hoje em dia, uma caricatura dos direitos dos animais. Mas nos países desenvolvidos, restringe-se cada vez mais a vivissecção, a experimentação irrestrita com animais, e cada vez mais se difunde o veganismo. O abate em larga escala deverá desaparecer nas próximas décadas, quando as técnicas de clonagem forem aperfeiçoadas e barateadas. A partir de uma única matriz serão produzidas somente partes de animais. Haverá bife para todos e algumas de nossas dificuldades morais em relação aos animais desapareceram. Mas o barateamento da clonagem ainda demorará muito. Essa será  uma grande dificuldade para o terceiro mundo onde ainda se justifica o descuido e maus-tratos de animais por uma suposta prioridade de resgatar os humanos, como se não fossemos parte do mesmo ecossistema.


crédito: Texto publicado na ediçãod e Janeiro de 2010 da revista “CIÊNCIA & VIDA FILOSOFIA”. Autor: João de Fernandes Teixeira - http://vista-se.com.br/redesocial/a-filosofia-da-mente-e-os-direitos-dos-animais/

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Teoria Neural e Neurociência moderna

    Segundo a teoria neuronal, o cérebro é formado por neurônios que constituem as unidades elementares na transmissão de sinais. Através de suas ramificações, os neurônios estabelecem conexões que obedecem aos seguintes princípios gerais:

1) As conexões que um neurônio estabelece com outro são altamente específicas, isto é, embora num ser humano existam 100 bilhões de neurônios e trilhões de ramificações, as conexões não acontecem ao acaso, cada uma tem formato próprio e propriedades individuais;

2) Em todas as espécies de animais os neurônios se conectam segundo padrões bem definidos, obedientes à mesma organização geral característica da espécie à qual o animal pertence;

3) Salvo raras exceções, a informação trafega sempre na mesma direção no interior do neurônio: entra pelos dendritos (as ramificações) e corre na direção do axônio (a extensão não ramificada). Essa propriedade recebe o nome de polarização dinâmica;

4) Nos circuitos, o contato entre dois neurônios ocorre apenas em pontos especializados chamados de sinapses. Nelas, os neurônios não se tocam, deixam um espaço minúsculo entre as duas terminações: em média, 20 nanômetros (20 milésimos de milímetro). 

    Essa observação foi de importância fundamental. Antes dela, imaginava-se que a informação seria transmitida de um neurônio para o outro como nos fios elétricos: por continuidade. Não poderia ser assim; se fosse, a voltagem do impulso nervoso cairia à medida que ele percorresse o circuito de neurônios, da mesma forma que a voltagem cai enquanto percorre os fios elétricos da rua (por isso a companhia instala transformadores de tantos em tantos metros).
     Nas sinapses, os neurônios não se conectam como fios elétricos. Nelas, eles se comunicam através de uma linguagem físico-química.

crédito: http://www.drauziovarella.com.br