quarta-feira, 23 de novembro de 2011

OS DOZE PRINCÍPIOS DA APRENDIZAGEM DE BASE CEREBRAL - parte 2/3

Princípio Seis: Todo cérebro simultaneamente cria partes e todos


Visitamos diversos neurocientistas por todo o país para discutir nossos doze princípios com eles. Uma das coisas que vimos foi que eles hesitavam muito em falar com educadores porque temiam o que faríamos com as informações. Os educadores foram arrebatados pelas pesquisas sobre o hemisfério esquerdo e direito. Basearam firmas de consultoria nelas. Mas para os neurocientistas nós simplificamos demais o assunto. Porque quando consultamos as pesquisas dissemos: "É, tem alguma coisa nessa teoria dos hemisférios". Mas a mensagem real para nós educadores é que precisamos apreender os dois lados, o que fazemos na vida real. Enquanto educadores querem que os alunos usem o hemisfério esquerdo e o direito; queremos estratégias para a totalidade do cérebro. Assim a doutrina do cérebro direito/esquerdo tem algum significado, mas ela é mais útil como uma metáfora para o fato de que o cérebro processa partes e todos simultaneamente.

Princípio Sete: A aprendizagem envolve tanto a atenção concentrada como a percepção periférica

Pense sobre o aposento em que você está. Quais são as mensagens periféricas inerentes a um aposento como esse? Quais são as mensagens sobre a maneira como você se comporta? Os periféricos têm papel importante. 

As crianças aprendem a partir de tudo. Tudo vai para o cérebro. Nos primeiros anos elas literalmente se tornam suas experiências. Portanto o ambiente é muito importante, e se elas aprenderem alguma coisa em sala de aula e nunca a utilizarem fora da sala de aula, esse aprendizado, essas conexões, param por aí. Em outras sociedades as crianças são imersas na aprendizagem nas escolas, em casa, na comunidade. Seu conhecimento é usado e expandido. Elas interagem entre si nesse rico meio ambiente.

Princípio Oito: A aprendizagem sempre envolve processos conscientes e inconscientes

Nós aprendemos muito mais do que conscientemente entendemos. As maiorias dos sinais que são percebidos perifericamente entram no cérebro sem que estejamos conscientes e interagem em níveis inconscientes. Por isso dizemos que os alunos se tornam suas experiências e se lembram do que experimentaram, não apenas do que lhes foi dito.

O que chamamos de "processamento ativo" permite que os alunos revisem o que e como eles absorveram, de 
modo que começam a dominar a aprendizagem e o desenvolvimento do significado pessoal. Nem sempre o significado está presente na superfície. Quase sempre o significado acontece intuitivamente, de maneira que não compreendemos. Assim, quando aprendemos, usamos processos conscientes e inconscientes. Ao ensinar, você pode não alcançar o aluno imediatamente, mas dois anos depois ele pode estar em outra série e dizer: "Agora entendi". Você faz parte disso, mas não está mais presente.

Princípio Nove: Temos pelo menos dois tipos de memória: um sistema de memória espacial e um conjunto de sistemas para memória mecânica (NT - aprender de cor)

O sistema de memória espacial (ou sistema autobiográfico) não precisa de ensaio e permite uma lembrança instantânea das experiências. É muito importante que os educadores entendam esses dois sistemas e como eles funcionam. No sistema classificatório da memória as coisas são aprendidas de cor. Memorizamos informações, mas isso não quer dizer que podemos utilizar as informações. O sistema classificatório nada tem a ver com a imaginação ou com a criatividade. Ele se ajusta prontamente ao modelo de processamento de informações da memória. Com esse sistema, os alunos são motivados por recompensa e punição; muitas tentativas são necessárias, quase sempre; e o cérebro cansa-se com facilidade, já que há uma tensão sobre um número limitado de células cerebrais. É nesse modelo que as escolas se baseiam. Nós limitamos a educação a programar esses sistemas classificatórios e a "ensinar para a prova". Você pode ver por que as pessoas dizem que o nosso sistema educacional se baseia no ensino para a prova (esquecendo-se dela depois) e não tem grande sucesso?

O sistema de memória local é muito global. Não enfatiza nenhuma área em particular. Quando você experimenta algo profundamente significativo, você está criando aquelas novas conexões. As coisas são apreendidas todas ao mesmo tempo. As experiências da memória local se registram automaticamente. Isso tem motivação na novidade, e está sempre operante. Você não pode interromper esse sistema e ligar o sistema classificatório dizendo: "pare isso e memorize aquilo". Memorização é memorização, não aprendizagem.

Aprendizagem significa que as informações se relacionam e estão conectadas com aquele que aprende. Se não for assim você tem memorização, mas não aprendizagem. Existem coisas que temos que memorizar, coisas que precisam ser repetidas. Tábuas de multiplicação são muito úteis, mas queremos ter certeza de que as crianças entendem o conceito de multiplicação.

Esse sistema de memória local reúne tudo como num retrato. Você não está apenas vendo uma coisa de cada vez e somando-a, como numa fórmula matemática, chegando a um resultado. A grande mensagem da pesquisa sobre o cérebro é que as partes estão contidas em um todo, e que o todo tem partes. Parece muito simples, mas não é quando você começa a desenvolver suas aulas.

Princípio Dez: O cérebro entende e lembra melhor quando os fatos e as habilidades estão encaixados na memória espacial natural

A solução é encaixar o aprendizado classificatório através da imersão dos alunos em ambientes de aprendizagem bem orquestrados, vivos, de baixos conteúdos ameaçadores, e altamente desafiadores. Precisamos tirar as informações do quadro-negro, fazê-la viver nas mentes dos alunos, e ajudá-los a fazerem conexões.

continua...

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Equipe COG