sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Robôs com sonho de Pinóquio - parte I

Os contos de Eu, robô influenciaram a literatura de ficção científica, o cinema e a robótica

Robôs que pensam, agem, falam. Máquinas com forma de humanos e até mesmo com sentimentos. Algumas dessas características podem parecer estranhas e improváveis para nós. Mas, há quase 60 anos, Isaac Asimov publicou Eu, robô. São nove contos que mostram a convivência de pessoas com máquinas inteligentes. Situações que passam pelo convívio em família e pelas relações profissionais.
O livro, lançado em 1950, traz vários casos – algumas vezes emotivos, outras, engraçados – que exploram as contradições dos princípios da robótica na relação do homem com as máquinas pensantes. Essas leis foram, inclusive, criadas por Asimov e introduzidas na literatura com Eu, robô. Segundo Marcello Simão Branco, editor do fanzine de ficção científica e horror Megalon, o autor buscou com esse livro quebrar a teoria de que a invenção do homem seria capaz de o dominar e destruir. “A população temia que os humanóides invadissem o seu espaço e tomassem seus empregos, tendo em vista os avanços tecnológicos da época”. 

As Leis da Robótica criadas por Asimov

1) Um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano sofra algum mal.
 2) Um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens contrariem a primeira lei.
3) Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a primeira e a segunda lei.
Asimov deixou de lado a imagem negativa das máquinas, como era o caso do monstro Frankenstein, para formar uma idéia mais humana. “Ele imaginava o robô como um novo ser. Por isso, o descrevia com formato humanóide, para dar mais proximidade e intimidade à relação com o homem”, explica Branco. “O objetivo do autor foi mostrar a dualidade entre benefícios e malefícios dessa interação, e não só o lado ruim da convivência”, completa. 

A visão futurista de Asimov
 
Eu, robô mostra situações que até hoje são improváveis. As tecnologias descritas no livro são avançadas para o início do século XXI. O primeiro conto (Robbie), por exemplo, retrata a relação afetiva entre um robô e uma menina. A ação se passa no ano de 1998, época em que apenas projetos e protótipos de máquinas com formas humanas eram realidade.
Mas a obra vai além. Mostra ambientes inóspitos, lugares onde até hoje um homem jamais pisou ou planejou estar, como asteróides, bases próximas ao Sol ou em Mercúrio. As máquinas são capazes de diversas atitudes, como venerar seus semelhantes, mentir, ler pensamentos e até governar populações. “Com isso, Asimov mostra o processo de evolução e aperfeiçoamento deles”, afirma Branco.
O livro foi adaptado para o cinema em 2004, com o mesmo nome e protagonizado por Will Smith. Porém, desviou do padrão da obra impressa ao seguir a linha policial. Outros filmes também foram baseados ou tiveram influência de obras de Asimov, como O Homem Bicentenário e AI – Inteligência Artificial, respectivamente.
Apesar de tudo, o escritor não é o pai da expressão ‘robô’. O verdadeiro criador foi Karel Capek, filósofo e escritor tcheco, no início do século XX. Escreveu, entre tantos, um conto em que a humanidade era ameaçada por uma máquina de sua invenção, o robot. O termo significa trabalhador forçado, mas se popularizou como referente aos mecanismos da indústria utilizados mais tarde. 



Assim como Pinóquio, os robôs de Asimov muitas vezes agem como humanos
O filme Metropólis (1927), de Fritz Lang, traz um dos primeiros robôs do cinema

Publicada em 25/04/08 às 19h01
Reportagem Rodrigo Batista
Edição Suelen Trevizan 

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Equipe COG